JOSÉ ALEXANDRE PIRES DE ALMEIDA
Introdução
A utilização da Ventilação Não Invasiva (VNI) com
pressão positiva tem sido cada vez mais adotada em pacientes com falência
respiratória aguda ou crônica, visto que esta modalidade ventilatória não
necessita de intubação traqueal, é também porque é de baixo custo e tem
evoluído com menor índice de mortalidade, gerando assim, um maior conforto para
o paciente.
O interesse inicial em usar a VNI de forma
intermitente em pacientes com severa doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) veio
a partir de estudos fisiológicos da função muscular respiratória, de tal
maneira que tais estudos verificaram que ocorre uma depressão da funcionalidade
mecânica do diafragma, por conta da hiperinsuflação, levando à um encurtamento
dos sarcômeros e diminuição da força muscular, reduzindo a zona de aposição,
diminuindo a ação do diafragma sobre as costelas na última fase da inspiração.
Nesta condição, o recrutamento de músculos acessórios, juntamente com a ação do
diafragma para vencer a pressão positiva expiratória final intrínseca (PEEPi)
leva a um aumenta do consumo de oxigênio evoluindo com maior gasto de energia
predispondo a fadiga muscular crônica.
Os períodos de repouso intermitente, proporcionado
pela VNI, permite a recuperação da função muscular, redução da tendência à
fadiga com melhora da função pulmonar e das trocas gasosas.(3) Desse modo, a
VNI com pressão positiva, começou a ser utilizada em pacientes com falência
respiratória aguda se mostrando bastante favorável na redução da necessidade de
intubação endotraqueal, da taxa de mortalidade, da permanência hospitalar e
melhora dos gases sangüíneos.
Histórico da VNI
Os primeiros ventiladores mecânicos foram descritos
no final do século XVIII. Eles consistiam de vários tipos de artifícios que
aplicavam pressão positiva nas vias aéreas superiores através de aparelhos de
fole ou através de pressão negativa ou positiva aplicada externamente no tórax,
nas costas ou abdômen. Eram bastante utilizados em ressuscitações infantis.(6)
Durante a epidemia de pólio em 1920, esta técnica
despertou bastante interesse, já com os aparelhos trabalhando a energia
elétrica, a ventilação não invasiva era realizada com uma variedade de
ventiladores com pressão negativa, tais como rocking bed, pulmão de aço,
ventilando os pacientes com eficácia, porém sem conforto e propenso à obstrução
das vias aéreas superiores principalmente no período noturno (6). Entretanto em
1960, com o controle da epidemia de pólio através do emprego de vacinas e do
aparecimento da ventilação mecânica invasiva (VMI), o uso da VNI reduziu
consideravelmente.
Já em 1980, o interesse pela VNI voltou a crescer,
sendo usada através de ventiladores com pressão negativa (VPN) para reverter
anormalidades das trocas gasosas e os sintomas da hipoventilação crônica em
pacientes com deformidades torácicas severas como a cifoescoliose e em doenças
neuromusculares. Entretanto, estes aparelhos ainda continuavam causando
desconforto aos pacientes, induzindo uma severa desaturação pela obstrução das
vias aéreas superiores particularmente durante o período do sono. (6)
A partir da metade de 1980, investigadores
começaram aplicar a ventilação com pressão positiva intermitente ( NIPPV)
através de máscaras nasais e rapidamente descobriram que ela aumentava a
ventilação em pacientes com falência respiratória crônica principalmente
durante o sono, melhorando a hipoxemia durante o dia. Desse modo, a aplicação
de VNI com pressão positiva ampliou seu espectro de utilização sendo aplicada a
pacientes portadores das mais variadas etiologias da falência respiratória
aguda ou crônica, como apoio ao desmame, em apnéia obstrutiva do sono e em
pacientes com dificuldade respiratória após a extubação, mostrando resultados
bastante satisfatórios.(6)
Vantagens e desvantagens da VNI
A VNI com pressão positiva possui inúmeras
vantagens em relação à VMI, uma vez que permite a manutenção dos mecanismos de
defesa das vias aéreas, redução dos traumas causados pela entubação endotraqueal,
propicia um maior conforto para o paciente, reduz a necessidade de sedativos e
preserva a comunicação e a alimentação.(2). Já efeitos adversos como claustrofobia,
vazamentos, irritação dos olhos, eritema de pele, abrasão nasal e vermelhidão
pela compressão da máscara na pele, podem ser controlados ou precavidos de
maneira facilmente administrada, além destes, também encontramos a
possibilidade do aparecimento de distensão gástrica, que com o uso de uma sonda
nasogástrica pode ser revertida.(1,3,4,5)
Uso das Interfaces em VNI
Várias interfaces têm sido utilizadas para prover a
VNI em pacientes com falência respiratória aguda, entre elas estão as máscaras
faciais e nasais, manufaturadas com os mais variados materias biossintéticos
elaborados para produzirem melhor conforto e adaptação com o mínimo de agressão
ao paciente . Existe várias controvérsias relacionadas à aplicação das
interfaces durante a VNI, porém nenhum estudo diretamente comparou a eficácia
destas, o que se sabe é que o sucesso da ventilação parece esta relacionado com
o bom ajuste da máscara, conforto e cooperação do paciente associado ao modo
ventilatório utilizados na assistência com a VNI.(6)
Fonte: Utilização
da Ventilação Mecânica Não Invasiva (VNI) em Pacientes com Doença Pulmonar
Obstrutiva Crônica (DPOC)
Autor: Andréa Carla Brandão da Costa - Orientadora: Ana Lúcia de Gusmão Freire - Especialista em Fisioterapia Cardiopulmonar - UFPE Professora do Curso de Fisioterapia da UFPE, nas disciplinas Cardiofisioterapia e Pneumofisioterapia
Autor: Andréa Carla Brandão da Costa - Orientadora: Ana Lúcia de Gusmão Freire - Especialista em Fisioterapia Cardiopulmonar - UFPE Professora do Curso de Fisioterapia da UFPE, nas disciplinas Cardiofisioterapia e Pneumofisioterapia
Referência Bibliográfica
1- CARREY, Z., GOTTFRIED,
S.B. and LEVY, R.D. Ventilatory muscle support in respiratory failure with
nasal positive pressure ventilation. Chest, v. 97, n. 1, p. 150-158, 1990
2- CLARK, H.E. and WILCOX,
P.G. Noninvasive positive pressure ventilation in acute respiratory failure of
chronic obstructive pulmonary disease.. Lung, v. 175, n. 3, p. 143-154, 1997
3- HILBERT, G., GRUSON, D.
et al. Sequential use of noninvasive pressure support ventilation for acute
exacerbations of COPD. Inten. Care Med., v. 23, n. 9, p. 955-961, 1997
4- HILBERT, G., GRUSON, D.
et al. Noninvasive pressure support ventilation in COPD patients with
postextubation hypercapnic respiratory insufficiency. Eur. Respir. J., v. 11,n.
, p. 1349-1353, 1998
5- MEDURI, G.U., FOX, R.C.
et al. Noninvasive face mask mechanical ventilation in patients with acute
hypercapnic respiratory failure. Chest, v. 100, n. 2, p. 445-454, 1991
6- MEYER, T.J. and HILL,
N.S. Noninvasive positive pressure ventilation to treat respiratory failure.
Ann. Intern. Med., v. 120, n. 9, p. 760-770, 1994
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