quinta-feira, 3 de maio de 2012

Lesão Pulmonar associada à Ventilação Mecânica Pulmonar



            O uso da ventilação mecânica invasiva (VMI) é comum nas unidades de terapia intensiva (UTI), porém pode vir a acarretar certo grau de risco e possíveis lesões, considerando que quanto maior o tempo de internação e a utilização deste suporte ventilatório invasivo maiores os riscos de se expor a possíveis complicações, tais como lesão traqueal por hiper-insuflação do balonete através de ajuste inadequado do cuff, barotrauma e/ ou volutrauma com oferta excessiva de pressão e/ou volume ao paciente, ocorrência de um decréscimo no débito cardíaco por uso de altos valores pressóricos como PEEP elevada desnecessariamente, pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) e intoxicação por uso de oxigênio exorbitante. Outro ponto que culmina em agravamento do quadro do paciente é o processo fisiológico que responde a introdução da VMI produzindo maiores quantidades de secreção com a finalidade de expulsão de corpo estranho no interior do organismo, tendo em vista a necessidade apresentada pelo paciente em ser mantido sob este tipo de suporte, tem-se que favorecer uma boa recuperação do paciente crítico por meio de uma conduta adequada a sua condição.

                  Fig. I -  Lesão Pulmonar Associada à ventilação mecânica (Volutrauma)

                    Fig. II - Lesão Pulmonar Associada à ventilação mecânica (Barotrauma)


 Considerando que o paciente apresente tosse ineficaz temos aí mais um agravante inserido ao grau de criticidade ao qual este se encontra, por haver maior aprisionamento destas secreções e por se ter certa falha fisiológica no processo de eliminação das secreções. Este evento é favorecido pelo uso do tubo que promove o não fechamento da passagem na glote, o que por sua vez leva a retenção da secreção nas vias aéreas, há grande repercussão nas trocas gasosas que se tornam deficitárias, o que pode favorecer a presença de hipoxemia, atelectasias e as pneumonias, todas associadas ao suporte ventilatório invasivo. Algumas destas complicações se farão presentes em um quadro que apresente insuficiência respiratória aguda (IRA) e síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). Assim, tendo em vista tais complicações faz-se necessária a presença constante da fisioterapia neste âmbito, objetivando primordialmente a saída do paciente do suporte ventilatório, bem como melhorar as trocas gasosas do paciente através de manobras de desobstrução das vias aéreas, higienizando-as e propiciando melhora da oxigenação. Isto nos permite compreender quão necessária é a fisioterapia dentro da UTI. E embasados neste ofício também devemos fazer uso adequado dos parâmetros da VMI, a fim de que, possam ser revertidos ou até mesmo prevenidos agravamentos como a atelectasia.
Uma conduta fisioterapêutica adequada no permite higienizar a região brônquica e mantê-la pérvia, melhorando a mecânica respiratória do paciente através do aumento da complacência pulmonar dinâmica, diminuindo assim a resistência do sistema respiratório. De acordo com estudos realizados pode ser verificada a confiabilidade do que foi previamente abordado, considerando que se obteve um aumento em 30% da complacência dinâmica e maior saída de secreção das vias aéreas em procedimento de aspiração. Tais fatos comprovam a eficácia das manobras fisioterapêuticas manuais voltadas para o sistema respiratório e sua repercussão de resultados, geralmente, imediatos como a melhora da saturação de oxigênio do paciente crítico.
            Nas unidades de terapia intensiva a PAV é uma das complicações mais frequentes, por contaminação bacteriana, e está relacionada muitas vezes com o processo de esterilização dos aparelhos respiratórios, onde pesquisas mostram que de 8% a 67% dos pacientes que recebem VMI evoluem para PAV. E adentrando na taxa de mortalidade que é considerada elevada, variável entre 40% a 80%, são exigidas dos profissionais maiores medidas preventivas, que são de suma importância, para que haja uma diminuição nesta taxa soturna.
             Pesquisas consideraram que mesmo com a adoção de medidas adequadas para os tratamentos dos pacientes críticos ainda sim há prevalência em alguns casos do prolongamento da internação destes pacientes e persistência da PAV por ocasionamento de febre, leucocitose e o uso de bloqueadores de H2. Dessa forma, as medidas que devem ser implantadas, objetivando uma elevação dos cuidados que minimizem ou evitem o ocasionamento das complicações que geram lesões associadas à ventilação mecânica devem estar sempre presentes como já foi abordado anteriormente. Intensificando as práticas de esterilização e higienização brônquica em associação as condutas adequadas ao quadro juntamente com ajustes ideias para ventilar o paciente em questão, partindo do princípio de que toda a equipe multiprofissional tem responsabilidade quanto a muitos dos fatores apresentados.

                                                      Fig. III - Pneumonia associada à VM


Referências:

1- ROSA, Fernanda Kusiak da .Revista Brasileira de Terapia Intensiva: Comportamento da Mecânica Pulmonar após a Aplicação de Protocolo de Fisioterapia Respiratória e Aspiração Traqueal em Pacientes com Ventilação Mecânica Invasiva. Vol. 19, No 2, Abril-Junho, 2007.

2- AMATO, Marcelo B. P. J Bras Pneumol: III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica: Ventilação Mecânica na Lesão Pulmonar Aguda (LPA)/ Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA). 33(Supl. 2): S 119-S 127, 2007.

3- SILVESTRINI, Tiago Luiz. RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva: Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica em Centro de Tratamento Intensivo. Volume 16 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2004.

Um comentário:

  1. se possível, adicione marcadores nas postagens, assim fica mais fácil encontrar no blog essas resenhas ou outras postagens existentes no site, abraços.

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