O uso da ventilação mecânica invasiva
(VMI) é comum nas unidades de terapia intensiva (UTI), porém pode vir a
acarretar certo grau de risco e possíveis lesões, considerando que quanto maior
o tempo de internação e a utilização deste suporte ventilatório invasivo
maiores os riscos de se expor a possíveis complicações, tais como lesão
traqueal por hiper-insuflação do balonete através de ajuste inadequado do cuff,
barotrauma e/ ou volutrauma com oferta excessiva de pressão e/ou volume ao
paciente, ocorrência de um decréscimo no débito cardíaco por uso de altos
valores pressóricos como PEEP elevada desnecessariamente, pneumonia associada à
ventilação mecânica (PAV) e intoxicação por uso de oxigênio exorbitante. Outro
ponto que culmina em agravamento do quadro do paciente é o processo fisiológico
que responde a introdução da VMI produzindo maiores quantidades de secreção com
a finalidade de expulsão de corpo estranho no interior do organismo, tendo em
vista a necessidade apresentada pelo paciente em ser mantido sob este tipo de
suporte, tem-se que favorecer uma boa recuperação do paciente crítico por meio
de uma conduta adequada a sua condição.
Fig. I - Lesão Pulmonar Associada à ventilação mecânica (Volutrauma)
Considerando que o paciente apresente tosse ineficaz temos aí mais um agravante
inserido ao grau de criticidade ao qual este se encontra, por haver maior
aprisionamento destas secreções e por se ter certa falha fisiológica no processo
de eliminação das secreções. Este evento é favorecido pelo uso do tubo que
promove o não fechamento da passagem na glote, o que por sua vez leva a
retenção da secreção nas vias aéreas, há grande repercussão nas trocas gasosas
que se tornam deficitárias, o que pode favorecer a presença de hipoxemia,
atelectasias e as pneumonias, todas associadas ao suporte ventilatório invasivo.
Algumas destas complicações se farão presentes em um quadro que apresente
insuficiência respiratória aguda (IRA) e síndrome do desconforto respiratório
agudo (SDRA). Assim, tendo em vista tais complicações faz-se necessária a
presença constante da fisioterapia neste âmbito, objetivando primordialmente a
saída do paciente do suporte ventilatório, bem como melhorar as trocas gasosas
do paciente através de manobras de desobstrução das vias aéreas,
higienizando-as e propiciando melhora da oxigenação. Isto nos permite
compreender quão necessária é a fisioterapia dentro da UTI. E embasados neste
ofício também devemos fazer uso adequado dos parâmetros da VMI, a fim de que,
possam ser revertidos ou até mesmo prevenidos agravamentos como a atelectasia.
Uma conduta fisioterapêutica adequada no permite
higienizar a região brônquica e mantê-la pérvia, melhorando a mecânica
respiratória do paciente através do aumento da complacência pulmonar dinâmica,
diminuindo assim a resistência do sistema respiratório. De acordo com estudos
realizados pode ser verificada a confiabilidade do que foi previamente
abordado, considerando que se obteve um aumento em 30% da complacência dinâmica
e maior saída de secreção das vias aéreas em procedimento de aspiração. Tais
fatos comprovam a eficácia das manobras fisioterapêuticas manuais voltadas para
o sistema respiratório e sua repercussão de resultados, geralmente, imediatos
como a melhora da saturação de oxigênio do paciente crítico.
Nas
unidades de terapia intensiva a PAV é uma das complicações mais frequentes, por
contaminação bacteriana, e está relacionada muitas vezes com o processo de
esterilização dos aparelhos respiratórios, onde pesquisas mostram que de 8% a
67% dos pacientes que recebem VMI evoluem para PAV. E adentrando na taxa de
mortalidade que é considerada elevada, variável entre 40% a 80%, são exigidas
dos profissionais maiores medidas preventivas, que são de suma importância,
para que haja uma diminuição nesta taxa soturna.
Pesquisas consideraram que mesmo com a adoção
de medidas adequadas para os tratamentos dos pacientes críticos ainda sim há
prevalência em alguns casos do prolongamento da internação destes pacientes e
persistência da PAV por ocasionamento de febre, leucocitose e o uso de
bloqueadores de H2. Dessa forma, as medidas que devem ser
implantadas, objetivando uma elevação dos cuidados que minimizem ou evitem o
ocasionamento das complicações que geram lesões associadas à ventilação
mecânica devem estar sempre presentes como já foi abordado anteriormente.
Intensificando as práticas de esterilização e higienização brônquica em
associação as condutas adequadas ao quadro juntamente com ajustes ideias para
ventilar o paciente em questão, partindo do princípio de que toda a equipe
multiprofissional tem responsabilidade quanto a muitos dos fatores
apresentados.
Fig. III - Pneumonia associada à VM
Referências:
1- ROSA, Fernanda Kusiak da .Revista Brasileira de
Terapia Intensiva: Comportamento da Mecânica Pulmonar após a Aplicação de
Protocolo de Fisioterapia Respiratória e Aspiração Traqueal em Pacientes com
Ventilação Mecânica Invasiva. Vol. 19, No 2, Abril-Junho, 2007.
2- AMATO, Marcelo B. P. J Bras Pneumol: III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica: Ventilação
Mecânica na Lesão Pulmonar Aguda (LPA)/ Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA). 33(Supl. 2): S 119-S 127, 2007.
3- SILVESTRINI,
Tiago Luiz. RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva:
Pneumonia Associada à Ventilação
Mecânica em Centro de Tratamento Intensivo. Volume
16 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2004.
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