quinta-feira, 3 de maio de 2012

Ventilação Mecânica na Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA)


Especializanda: Juliana Cabral Maués

A Síndrome de Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) é uma síndrome clínica comum, grave, caracterizada por lesão pulmonar aguda, que afeta tanto pacientes clínicos quanto cirúrgicos, adultos ou crianças. Descrita, inicialmente, por Ashbaugh e Petty, em 1967, desde então, sua definição e descrição foram redefinidas para melhor incorporação do espectro clínico da doença, bem como para melhor correlação da definição com a fisiopatologia da síndrome (GALHARDO, 2003). 

É uma síndrome de insuficiência respiratória de instalação aguda, caracterizada por infiltrado pulmonar bilateral à radiografia de tórax, compatível com edema pulmonar; hipoxemia grave, definida como relação PaO2/FIO2 200; pressão de oclusão da artéria pulmonar 18 mmHg ou ausência de sinais clínicos ou ecocardiográficos de hipertensão atrial esquerda; presença de um fator de risco para lesão pulmonar (AMATO e Colaboradores, 2007)

Fisiopatologia 

A SDRA é caracterizada por inflamação difusa da membrana alvéolo-capilar, em resposta a vários fatores de risco pulmonares ou extrapulmonares. Esses fatores de risco causam lesão pulmonar através de mecanismos diretos(p.ex: pneumonia, contusão pulmonar, lesão inalatórias) ou indiretos(p.ex: sepse, traumatismo, pancreatite). Ocorre lesão na membrana alvéolo-capilar, independente da causa desencadeante da lesão pulmonar, com extravasamento de fluído rico em proteínas para o espaço alveolar. (AMATO e Colaboradores, 2007).

Fig. I - Imagem comparativa (Alvéolo Normal Vs. Alvéolo durante Fase Aguda de Lesão Pulmonar)

Ventilação Mecânica na SDRA

A ventilação mecânica ao longo dos últimos anos tornou-se indispensável modalidade terapêutica na síndrome do desconforto respiratório agudo, promovendo oxigenação adequada e repouso da musculatura respiratória (NARDELLI e Colaboradores, 2007). A princípio a abordagem da assistência ventilatória na SDRA compreendia a utilização de altos volumes 10-15 mL/kg e menores valores possíveis de PEEP de forma a manter uma FiO2 menor que 0,6 sem prejuízos hemodinâmicos (PRESTO, 2009)
Segundo o III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica os objetivos da ventilação mecânica na SDRA incluem entre outros: Promover adequada troca gasosa, ao mesmo tempo em que se evitam a lesão pulmonar associada à ventilação mecânica e o comprometimento hemodinâmico decorrente do aumento das pressões intratorácicas
A abordagem ventilatória destes pacientes por meio de uma estratégia protetora (estratégia de repouso alveolar), utilizando valores mais altos de PEEP e VC mais baixos. Este procedimento vem sendo alvo de muitos estudos, que verificaram uma redução no índice de mortalidade destes pacientes. As modalidades a serem utilizadas no paciente devem ser de preferência com controle de pressão como por exemplo a PRVC, PCV ou PSV. O VC deve ser menor que 6mL/kg do valor de peso predito. A frequência respiratória deve estar menor que 20 ipm para manter um VM menor que 7,5 L/min. A FR deve ser determinada de forma a evitar a auto-PEEP e evitar elevação demasiada da PaCO2. A PEEP pode ser definida de várias formas: curva P-V, curva PEEP-alveolar, o objetivo da PEEP na SDRA é proporcionar uma redução da FiO2 a valores menores que 60% e manter uma PaO2 maior que 60 mmHg (PRESTO, 2009). 

Considerações finais

Ainda existem muitas dúvidas e questionamentos relacionadas abordagem mais adequada da ventilação mecânica na SDRA, a maioria dos estudos indica que a utilização de uma estratégia protetora, com valores altos de PEEP e volume corrente baixos é mais segura a fim de evitar o progresso da patologia. 

Referências  

1- Gualhardo, Fabiola. Martinez, José. Síndrome de Desconforto Respiratório Agudo. Simpósio: Urgências e Emergências Respiratórias. Medicina, Ribeirão Preto, 36: 248-256, abr./dez. 2003.

2- Amato, Marcelo. Carvalho, Carlos. Vieira, Silvia. Isola, Alexandre. Ventilação Mecânica na Lesão pulmonar Aguda / Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo.

3- III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica. Revista Brasileira de Terapia Intensiva Vol. 19 Nº 3, Julho – Setembro, 2007.

4- Presto, Bruno. Damázio, Luciana. Fisioterapia na UTI. 2ª edição. Editora: Elsevier, Rio de Janeiro – RJ, 2009.

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