Especializanda:
Juliana Cabral Maués
A Síndrome de
Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) é uma síndrome clínica comum, grave,
caracterizada por lesão pulmonar aguda, que afeta tanto pacientes clínicos
quanto cirúrgicos, adultos ou crianças. Descrita, inicialmente, por Ashbaugh e
Petty, em 1967, desde então, sua definição e descrição foram redefinidas para
melhor incorporação do espectro clínico da doença, bem como para melhor correlação
da definição com a fisiopatologia da síndrome (GALHARDO, 2003).
É uma
síndrome de insuficiência respiratória de instalação aguda, caracterizada por
infiltrado pulmonar bilateral à radiografia de tórax, compatível com edema
pulmonar; hipoxemia grave, definida como relação PaO2/FIO2
≤ 200; pressão de oclusão da artéria pulmonar ≤ 18 mmHg ou ausência de sinais clínicos ou ecocardiográficos de
hipertensão atrial esquerda; presença de um fator de risco para lesão pulmonar
(AMATO e Colaboradores, 2007)
Fisiopatologia
A SDRA é
caracterizada por inflamação difusa da membrana alvéolo-capilar, em resposta a
vários fatores de risco pulmonares ou extrapulmonares. Esses fatores de risco
causam lesão pulmonar através de mecanismos diretos(p.ex: pneumonia, contusão
pulmonar, lesão inalatórias) ou indiretos(p.ex: sepse, traumatismo,
pancreatite). Ocorre lesão na membrana alvéolo-capilar, independente da causa
desencadeante da lesão pulmonar, com extravasamento de fluído rico em proteínas
para o espaço alveolar. (AMATO e Colaboradores, 2007).
Fig. I - Imagem comparativa (Alvéolo Normal Vs. Alvéolo durante Fase Aguda de Lesão Pulmonar)
Ventilação Mecânica na SDRA
A ventilação
mecânica ao longo dos últimos anos tornou-se indispensável modalidade
terapêutica na síndrome do desconforto respiratório agudo, promovendo
oxigenação adequada e repouso da musculatura respiratória (NARDELLI e
Colaboradores, 2007). A princípio a abordagem da assistência ventilatória na
SDRA compreendia a utilização de altos volumes 10-15 mL/kg e menores valores
possíveis de PEEP de forma a manter uma FiO2 menor que 0,6 sem
prejuízos hemodinâmicos (PRESTO, 2009)
Segundo o III
Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica os objetivos da ventilação mecânica na
SDRA incluem entre outros: Promover adequada troca gasosa, ao mesmo tempo em
que se evitam a lesão pulmonar associada à ventilação mecânica e o
comprometimento hemodinâmico decorrente do aumento das pressões intratorácicas
A abordagem
ventilatória destes pacientes por meio de uma estratégia protetora (estratégia
de repouso alveolar), utilizando valores mais altos de PEEP e VC mais baixos.
Este procedimento vem sendo alvo de muitos estudos, que verificaram uma redução
no índice de mortalidade destes pacientes. As modalidades a serem utilizadas no
paciente devem ser de preferência com controle de pressão como por exemplo a
PRVC, PCV ou PSV. O VC deve ser menor que 6mL/kg do valor de peso predito. A frequência
respiratória deve estar menor que 20 ipm para manter um VM menor que 7,5 L/min.
A FR deve ser determinada de forma a evitar a auto-PEEP e evitar elevação
demasiada da PaCO2. A PEEP pode ser definida de várias formas: curva
P-V, curva PEEP-alveolar, o objetivo da PEEP na SDRA é proporcionar uma redução
da FiO2 a valores menores que 60% e manter uma PaO2 maior
que 60 mmHg (PRESTO, 2009).
Considerações finais
Ainda existem
muitas dúvidas e questionamentos relacionadas abordagem mais adequada da
ventilação mecânica na SDRA, a maioria dos estudos indica que a utilização de
uma estratégia protetora, com valores altos de PEEP e volume corrente baixos é
mais segura a fim de evitar o progresso da patologia.
Referências
1- Gualhardo, Fabiola. Martinez, José. Síndrome
de Desconforto Respiratório Agudo. Simpósio: Urgências e Emergências
Respiratórias. Medicina, Ribeirão Preto, 36: 248-256, abr./dez. 2003.
2- Amato, Marcelo. Carvalho, Carlos. Vieira,
Silvia. Isola, Alexandre. Ventilação Mecânica na Lesão pulmonar Aguda /
Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo.
3- III Consenso Brasileiro de
Ventilação Mecânica. Revista Brasileira de Terapia Intensiva Vol. 19 Nº 3,
Julho – Setembro, 2007.
4- Presto, Bruno. Damázio, Luciana. Fisioterapia
na UTI. 2ª edição. Editora: Elsevier, Rio de Janeiro – RJ, 2009.
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