PÓS-GRADUANDO JONATHAS GONÇALVES
O conceito de morte encefálica é algo que por muito tempo gerou discussões por se tratar de um assunto delicado que envolve questões técnicas, além de grandes questões sociais, gerando questionamentos no campo religioso. Porém, o profissional da saúde deve se pautar na ética e conhecimento técnico quando se discute o fato.
Ao longo dos anos, os critérios para determinação desta condição clínica. O Conselho Federal de Medicina em sua Resolução nº1480/97, apresenta diretrizes técnicas acerca do diagnóstico de morte encefálica, especificando os critérios de acordo com a faixa etária. Porém, aqui abordaremos critérios gerais.
Moratto (2009) resume a morte cerebral como presença concomitante de coma sem resposta ao estímulo externo, inexistência de reflexos do tronco encefálico e apneia.
Deve-se destacar que para essa consideração são realizados exames clínicos e exames complementares.
Deve-se também excluir do protocolo de determinação de morte encefálica pacientes que apresentam hipotermia, hipotensão, distúrbios metabólicos hidroeletrolíticos, além daqueles que apresentem intoxicação exógena, como bloqueadores neuromusculares e anestésicos.
O exame clínico deve ser realizado por dois médicos num intervalo de seis horas de uma avaliação para outra, e estes profissionais não devem ser vinculados à equipe de transplante. Os exames realizados têm critérios fixos para a determinação da morte encefálica. No exame neurológico apresenta Glasgow 3 (nenhuma resposta aos estímulos externos), ausência dos reflexos do tronco encefálico. Os reflexos do tronco encefálico testados são: pupilar, onde apresenta pupilas midriáticas e fixas em linha média); coneano, não esboçando reação de proteção;vestíbulo calórico, não apresentando reação à infusão de soro fisiológico gelado no canal auditivo; óculo-cefálico, apresenta o sinal de “olho de boneca”, ou seja, os olhos permanecem fixos durante o movimento da cabeça; tosse, não apresentam tosse nem alguma reação à estimulação da traquéia com uma sonda de aspiração; apnéia, o paciente é removido temporariamente do suporte à vida (o ventilador), quando o aparelho cessa a respiração, o corpo começará a acumular resíduos metabólicos de dióxido de carbono (CO2) no sangue e quando o nível de CO2 atingir a marca de 55 mmHg, o cérebro vivo fará com que o paciente respire espontaneamente, o cérebro morto não apresentará resposta
Os exames complementares serão eletroencefalograma, dopler intracraniano e arteriografia. O primeiro investigará a presença de atividade elétrica encefálica e os outros a perfusão cerebral bem como seu metabolismo.
Como inicialmente discutido, esse tema é sempre delicado exigindo a adoção de critérios bem definidos, já que abrange questões amplas além das questões técnicas aqui abordadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1- Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM 1480, 08 ago, 1997. Diário oficial da União, Brasília, DF, 21 ago. 1997.p 18.277
2- GUTIERREZ , Pilar L. Bioética: O que é o paciente terminal. Rev Ass Med Brasil 2001; 47(2): 85-109.
3- MORATO, Eric Grossi. Morte encefálica: conceitos essenciais, diagnóstico e atualização. Rev Med Minas Gerais 2009; 19(3): 227-236
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