sexta-feira, 4 de maio de 2012

Complicações relacionadas à ventilação mecânica


BÁRBARA LIMA

A instituição da ventilação mecânica invasiva é um método que requer cuidados e atenção, pois este pode ser lesivo e mortal aos indivíduos que precisam desse suporte. A ventilação mecânica altera a mecânica pulmonar e função respiratória. Cabe ao fisioterapeuta conhecer os aspectos anatômicos fundamentais das estruturas envolvidas, a fisiologia de tais estruturas e as alterações patológicas. Dentre as alterações encontradas temos:

  • Pneumonia associada à ventilação mecânica

    Este tipo de lesão é bastante encontrado nas unidades de terapia intensiva. É considerado Pneumonia associada a ventilação- PAV, quando o paciente apresenta pneumonia após 48 horas de ventilação mecânica, onde é observado aspectos como: sinais sistêmicos de infecção (febre, taquicardia, taquipnéia, leucocitose e etc.), infiltrados pulmonar e evidencias de infecção no parênquima pulmonar. A fisioterapia respiratória faz parte das medidas de prevenção a PAV, pois uma higiene brônquica bem feita pode evitar a proliferação de bactérias de origem pulmonar.



  • Alteração nos músculos ventilatórios

   Estudos mostram que após 48 horas de ventilação mecânica invasiva, ocorre um decréscimo da força muscular, devido ao trofismo muscular, dano nas miofibrilas, e remodelamento do diafragma. Desta forma o fisioterapeuta deverá traçar um plano de treinamento muscular com o intuito de fortalecer a musculatura fraca.





  • Alteração na hemodinâmica

    Essas alterações se relacionam com a diminuição do débito cardíaco e da pressão arterial, devido a uma redução do retorno venoso o que leva a uma diminuição da pré-carga dos ventrículos. Esse fator pode acontecer devido ao uso de uma PEEP alta, podendo levar a uma hiperdistensão alveolar e conseqüentemente a uma compressão das arteríolas levando a um espaço morto alveolar (zona 1de West).

  • Elevação da pressão intracraniana
    No caso de pacientes que apresentam uma pressão intracraniana elevada, devem-se tomar algumas precauções, pois a ventilação mecânica com altos níveis de PEEP leva à diminuição do retorno venoso do território cerebral e o conseqüente aumento da PIC.

  • Barotrauma
    O barotrauma é um tipo de lesão que ocorre devido a uma hiperdistensão alveolar. Dentre as alterações patológicas encontramos: pneumotórax, enfisema pulmonar intersticial, pneumomediastino, pneumopericárdio e pneumoperitônio. Essa lesão é gerada devido a altos picos de pressão durante a ventilação mecânica. 



  • Volutrauma
O volutrauma é um tipo de lesão decorrente da utilização de volumes elevados, desta forma ocorre uma alteração na fisiologia e morfologia do pulmão. Este tipo de lesão leva a edema pulmonar, alterações importantes na permeabilidade, aumento da filtração e lesão alveolar difusa, ela também pode ocorrer devido a abertura e fechamento cíclicos dos alvéolos. Além disso, a tração exercida por áreas de atelectasia sobre o parênquima normal pode contribuir para as alterações.



  • Infecção


        
Durante o uso da ventilação mecânica é utilizado uma via aérea artificial que serve como condutor do oxigênio (tubo orotraqueal), esta via artificial permite o acesso de patógenos à traquéia e vias respiratórias inferiores, levando a um maior risco de pneumonia. Além disso, as bactérias gram-negativas que colonizam o trato gastrointestinal podem alcançar o trato respiratório através de refluxo e aspiração do conteúdo gástrico.






Referências:


1- PRESTO Bruno Lombaerde Varella. Damázio Luciana. Fisioterapia na UTI. 1ºed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009


2- Vera Lúcia Jornada Krebs & Eduardo Juan Troster. Complicações da ventilação mecânica. Artigo de revisão. São Paulo- SP.


3- http://www.concursoefisioterapia.com/2011/03/complicacoes-relacionadas-ventilacao.html

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