PÓS-GRADUANDO JONATHAS GONÇALVES
A síndrome do compartimento abdominal
(SCA) é o aumento da pressão intra-abdominal (PIA) a níveis capazes de provocar
alterações no funcionamento ou falência de vários órgãos e, por conseqüência,
sistemas vitais.
Clinicamente caracteriza-se por PIA
acima de 20 mmHg, acompanhado de falência de pelo menos um órgão. Diferencia-se
a hipertensão intra-abdominal onde a PIA encontra-se acima de 12 mmHg e não há
necessariamente déficit na perfusão dos órgãos. A PIA pode variar normalmente
entre 0 – 12 mmHg.
Etiologicamente pode-se encontrar
várias origens para esse aumento da PIA. Andrade (1998), lista em seu trabalho
de revisão de literatura as causa possíveis para esse evento (Quadro 1), que
variam desde fatores espontâneos até fatores iatrogênicos.
QUADRO I
FONTE:
Andrade, José Ivan de. A síndrome de compartimento do abdome. Medicina Ribeirão Preto, 31: 563-567,
out./dez. 1998
Fisiopatologicamente, esta condição
clínica culminará, como já citado, e disfunções em órgãos, sendo suas
manifestações variáveis. O aumento da PIA a altos níveis gera restrição de
grandes vasos, diminuindo retorno venoso e aumentando a resistência vascular
periférica, gerando diminuição do débito cardíaco e bloqueio da perfusão de
órgãos como o rim, diminuindo a taxa de filtração glomerular, e conseqüente
baixo débito urinário. Além disso, provoca isquemia do trato gastrointestinal,
pode gerar o aumento da pressão intracraniana, entre outras repercussões
sistêmicas.
Uma das complicações de interesse da
Fisioterapia é a restrição causada sobre o diafragma gerando assim uma
alteração da ventilação pulmonar e aumento da pressão intratorácica. Sendo
assim esse paciente requer um maior cuidado no que se refere à assistência
ventilatória aplicada.
O tratamento médico da SCA baseia-se,
em geral, na drenagem de líquidos em excesso a cavidade abdominal, controle
hídrico rigoroso, esvaziamento intestinal e analgesia, já que a dor é um
sintoma presente nesta condição clínica. Em quadros de SCA mais severos, é necessária
a descompressão cirúrgica do abdômen.
É indispensável o entendimento da
equipe multidisciplinar a respeito desta síndrome, a fim de prestar uma
assistência ágil e de qualidade aos pacientes que venham a apresentar tal
quadro, evitando assim que evolua para repercussões irreversíveis.
1- ANDRADE, José Ivan de. A
síndrome de compartimento do abdome. Medicina
Ribeirão Preto, 31: 563-567, out./dez. 1998
2- FIGUEIREDO, Luis
Francisco Poli de. Como
reconhecer a síndrome compartimental abdominal pós-traumática. Rev
Ass Med Brasil 2001; 47(2): 85-109.
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