As principais indicações da TGI são na LPA/SARA, hipertensão intracraniana, arritmias cardíacas graves, insuficiência renal e acidemia importante, complicações nas quais a hipercapnia agravaria muito o quadro clínico do paciente. Na SARA, a associação da hipercapnia permissiva com a técnica de TGI promove eficiente redução na PaCO2, mantendo pH tolerável e permitindo maior redução no volume minuto. Nos outros casos, a indicação é justificada pela necessidade de não elevar o fluxo sanguíneo encefálico, no caso de hipertensão intracraniana; pela ação direta do CO2 sobre o coração, no caso das arritmias e cardiopatias e devido à intensa vasoconstrição e diminuição no ritmo de filtração glomerular causada pelo acúmulo desse gás (CO2), nos pacientes renais.
A TGI começou a ser estudada em 1969, quando pesquisas usando animais saudáveis anestesiados demonstraram que a lavagem expiratória do espaço morto proximal permite reduzir o volume minuto sem alterações na PaCO2. Com o passar do tempo e aprimoração dessas pesquisas, começou a ser observada a utilidade da técnica para ventilação de emergência, já que a mesma permitia manutenção de trocas gasosas satisfatórias. A partir dos estudos das estratégias de ventilação protetora em pacientes com síndrome da angústia respiratória aguda (SARA) e sua associação com as técnicas de TGI, descobriu-se uma nova estratégia ventilatória, que permitiria reduzir o volume minuto com manutenção da PaCO2 constante. No cenário específico da terapia intensiva, pode-se afirmar então que a história da TGI acompanha a evolução do conhecimento sobre as principais doenças respiratórias agudas graves e o avanço tecnológico na área da saúde.
Os principais mecanismos de ação da TGI são: o proximal, no qual o gás fresco introduzido próximo à carina dilui o CO2 contido no espaço morto anatômico proximal à extremidade do cateter no final da expiração, sendo esse mecanismo o responsável pela maior redução do CO2 reduzindo a concentração do CO2 re-inalado na inspiração seguinte; e o mecanismo distal, onde a turbulência gerada pelo jato na extremidade do cateter pode aumentar a mistura gasosa em regiões distais ao orifício, aumentando ainda mais a eliminação de CO2. O diâmetro do cateter não influencia na eficácia da TGI em reduzir o CO2, bem como não promove alterações significativas no volume corrente e nas variáveis de pressão; diante disso, preconiza-se a utilização de cateteres com diâmetro interno variando entre 1,1mm à 3mm para a aplicação da técnica. O posicionamento do cateter deve ser de 1cm à 2cm acima da carina, visto que a eficácia da técnica é maior quando a extremidade do cateter se encontra próximo a carina. Quanto à configuração do cateter (direção do fluxo), dois tipos são mais usados: o cateter direto, com fluxo direcionado à carina, e o cateter reverso, com fluxo direcionado às vias aéreas superiores; as pesquisas indicam que o sistema reverso de aplicação da TGI evita danos potenciais à mucosa, causados pelo jato direto, e ainda elimina o aumento da PEEP causado pelo fluxo de TGI com cateter direto. Os fluxos devem atingir no máximo 15L/min, sendo que fluxos entre 1 e 4L/min mostram-se mais eficientes na redução da PaCO2, sem alterações na pressão de pico inspiratória e pressão média das vias aéreas. Alguns autores também apontam o fluxo de 6L/min como o de maior eficácia para a redução da PaCO2. Quanto à aplicação da TGI, pode ser: contínua, inspiratória, expiratória total, bem como fluxos liberados no início ou final da expiração, sendo a aplicação expiratória comprovada como a mais eficaz nos pacientes com SARA.
A técnica de adição de fluxo através de cateter endotraqueal, apesar de muito eficiente, principalmente associada à ventilação mecânica de pacientes com SARA, também pode apresentar alguns problemas: o fluxo injetado na traquéia se opõe ao fluxo expiratório, podendo aumentar a PEEP intrínseca do paciente; o próprio cateter no interior do tubo pode atuar como elemento obstrutivo à expiração do ar; o fluxo emitido pelo cateter pode agredir a mucosa da traquéia ou até há a possibilidade de o cateter “chicotear” durante a liberação do fluxo, causando o mesmo efeito deletério.
Referências
SALA, A.D.; JÚNIOR, J.O.C.A. Insuflação Traqueal de Gás. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v.16, n.3, p.197-201, Jul/Set 2004.
ORTIZ, A.C.; MUNESHIKA, M.; MARTINS, F.A.N.C. Influência da Insuflação Traqueal de Gás sobre a Capnografia de Pacientes Anestesiados. Revista Brasileira de Anestesiologia, v.58, n.5, p.440-446, Set/Out 2008.
SALGADO, A.; CARDOSO, B.B.; MELLO, M.P.; EIGENHEER, J.F.; PRESTO, B.L.; PRESTO, L.; ORSINI, M. Insuflação Traqueal de Gás como Terapia Alternativa a Hipercapnia em Pacientes com SARA. Revista de Neurociencia, v.18, n.3, p.365-369, 2010.
Resenha escrita pela especializanda Nathália Martins de Oliveira.
Ola! Gostaria de saber qual tipo de sonda devo utilizar nessa técnica? Uma sonda fina, ou grossa? Se tiver uma resposta com referencias manda pra mim. Meu e mail é rmf_fontes@yahoo.com.br
ResponderExcluirObrigado!