Ortostatismo passivo com auxílio da prancha ortostática em paciente oncológico – Estudo de caso.
Bárbara Lira Bahia & Débora Mendonça
Do ponto de vista cinético-funcional, a permanência prolongada no leito traz consigo vários efeitos deletérios para o paciente, tais como: Perda da massa da musculatura esquelética, déficits de equilíbrio e propriocepção, aparecimento de úlceras por pressão, entre outros efeitos adversos associados à síndrome do imobilismo.1
O uso prolongado da ventilação mecânica também proporciona o aparecimento de infecções associadas a ventilação mecânica, fraqueza da musculatura respiratória, o que contribui ainda mais para o aumento do tempo de internação na unidade de terapia intensiva.2
A assistência fisioterapêutica no cuidado do paciente crítico pode auxiliar na identificação precoce de problemas cinético-funcionais, sendo o programa de reabilitação recomendado como prática crucial e segura para recuperação destes pacientes. Para amenizar os efeitos deletérios causados pela síndrome do imobilismo, a mobilização precoce torna-se cada vez mais uma estratégia fisioterapêutica bem aceita e reconhecida como forma de melhorar o status funcional do paciente, proporcionando o retorno ás atividades pré-morbidade.
Na unidade de terapia intensiva a reabilitação precoce consiste em técnicas com a finalidade de melhorar a função respiratória, mobilização passiva e ativa, posicionamento adequado do paciente no leito, implantação e supervisão de ventilação não invasiva (VNI), auxílio da intubação, ajuste da ventilação, supervisão de desmame do ventilador mecânico, aspiração e extubação.
Dentre as práticas recomendadas ao doente crítico, a utilização da prancha ortostática (PO) para promover os benefícios do ortostatismo assistido tem sido sistematicamente recomendada pelas diretrizes de cuidados críticos.5 O uso do ortostatismo passivo pode promover benefícios hemodinâmicos e cardiorrespiratórios, como: o aumento da ventilação, melhora da relação ventilação-perfusão e melhora da função cardiorrespiratória.6 Através do ortostatismo passivo, pode-se obter melhoras do nível de consciência em virtude do estímulo sensorial, neutralizar a postura flexora frequentemente adotada, e ainda, em virtude da descarga de peso bipodal, promover a prevenção de osteoporose por desuso.7
A utilização da prancha ortostática foi efetivada com o paciente E.O.S., internado dia 13 de Maio de 2011, com diagnóstico de Neo de Mediastino com invasão para pulmão direito + PO toracotomia exploradora com biopsia pulmonar + IRpA + PAV. Sob VMI modo PSV Ti 1.04s; I:E 1:1.6; TE 1.52s; Fr total 24 irpm; Vt 555l; Ve 13.22 l/min; P.I. 46; P.S. 14; Peep 5; Sens. 1.0; FiO2 30%; P.B. 5.3; P.M. 11.3; P.P. 19; P.F. 48. SSVV iniciais: FC: 84bpm; PA: 131X65 mmHg; SpO2: 96%.
Inicialmente foi realizada a AP: mv + AHT com creptos em bases. Seguido das manobras de higiene brônquica e da aspiração em TQT. As 8h:45min do dia 11 de Julho de 2011 foi realizado o Ortostatismo com o paciente devidamente preparado, orientado e monitorizado. Realizamos a elevação da maca ortostática de forma gradativa, progredindo de 10° em 10° a cada 1min:30seg. O paciente evoluiu de forma satisfatória, onde a elevação total da maca durou em torno de 15 minutos e seu retorno também foi realizado gradualmente onde o paciente manteve-se com SSVV: FC: 91bpm; SpO2: 96% e PA: 131x65 (87)mmHg.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ULTRA, R.B. Fisioterapia Intensiva. Ed. 2°, Editora: Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2009.
2. PRESTO, B. DAMÁZIO, L. Fisioterapia na UTI. Rio de Janeiro – RJ, Editora: Elsevier, 2. ed., 2009.
3. Morris PE, Goad A, Thompson C, Taylor K, Harry B, Passmore L, et al. Early intensive care mobility therapy in the treatment of acute respiratory failure. Crit Care Med. 2008;36(8):2238-43.
4. Norrenberg N, Vincent JL. A profile of European intensive care unit physiotherapists. Intensive Care Med. 2000;26:988-94.
5.Gosselink R, Bott J, Johnson M, Dean E, Nava S, Norrenberg M, et al. Physiotherapy for adult patients with critical illness: recommendations of the European Respiratory Society and European Society of Intensive Care Medicine Task Force on Physiotherapy for Critically Ill Patients. Intensive Care Med. 2009;34:1188-99.
6. Chang AT, Boots RJ, Hodges PW, Thomas PJ, Paratz JD. Standing with the assistance of a tilt table improves minute ventilation on chronic critically ill patients. Arch Phys Med Rehabil. 2004;85:1972-6.
7. Chang TA, Boots R, Hodges WP, Paratz J. Standing with assistance of a tilt table in intensive care: Asurvey of Australian physiotherapy practice. Aus J Physiother 2004;50:51-4.
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