Ventilação Mecânica no Paciente com DPOC
Palavras-chave: ventilação mecânica, DPOC, enfisema pulmonar, bronquite crônica.
Definição
A doença pulmonar obstrutiva crônica é denominada conforme o III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica (2007) como um grupo de entidades nosológicas respiratórias que acarretam obstrução crônica ao fluxo aéreo de caráter fixo ou parcialmente reversível, tendo como alterações fisiopatológicas de base graus variáveis de bronquite crônica e enfisema pulmonar. Onde, Robbins (2005) caracteriza enfisema por uma dilatação anormal dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal, acompanhada pela destruição de suas paredes, sem fibrose óbvia. E a bronquite crônica persistente pode progredir para uma DPOC, levar a um cor pulmonale e a uma insuficiência cardíaca, ou causar metaplasia ou displasia atípicas do epitélio respiratório. Esta última condição citada favorece consideravelmente a formação cancerosa.
Epidemiologia
Estima-se pelos dados estatísticos obtidos no III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica que cerca de 5,5 milhões de indivíduos sejam acometidos por DPOC no Brasil, sendo que, são aproximadamente 52 milhões em todo o mundo. Apresenta grau crescente de mortalidade, considerando-se que, no ano de 2000 foram a óbito 2,74 milhões de pessoas. Em 2003, foi considerada a maior causa de hospitalização no Brasil em pacientes acima de 40 anos de idade atendidos pelo SUS. Na ocorrência de doença pulmonar obstrutiva exacerbações são freqüentes, salientando que ¾ dos pacientes admitidos na unidade de terapia intensiva por exacerbação de DPOC necessitaram de intubação endotraqueal, sobrevivendo nesta condição, e cerca de metade dos pacientes permaneceram vivos após dois anos de admissão. De acordo com Robbins (2005), na maioria dos pacientes, a DPOC é resultado do consumo de cigarros por longos períodos; cerca de 10% dos pacientes não fumam. Entretanto, somente uma minoria dos fumantes desenvolve DPOC, apesar de o motivo deste fenômeno ser desconhecido. A bronquite crônica ocorre em maior número em fumantes habituais e habitantes de cidades poluídas.
Fisiopatologia
A hiperinsuflação pulmonar dinâmica com aprisionamento aéreo, segundo o J. Bras. Pneumol. (2007), é a principal alteração fisiopatológica na exacerbação da DPOC. Os principais mecanismos envolvidos são aumento da obstrução ao fluxo aéreo acompanhado de redução de retração elástica pulmonar, todos estes fatores geram um prolongamento da constante do tempo expiratório, tendo como resposta uma elevação da freqüência respiratória e em resposta a este evento temos um aumento da demanda ventilatória e conseqüente diminuição do tempo expiratório. Ao mesmo tempo esta hiperinsuflação também promove um aumento substancial da autoPEEP, levando a uma sobrecarga de trabalho da musculatura respiratória e em quadros mais avançados da doença gera perda da força muscular e desnutrição, e nos mais severos ainda há a depressão do centro respiratório, diminuição do drive em decorrência do desequilíbrio da relação ventilação-perfusão e da hipoventilação alveolar, como resultado deste agravamento tem-se uma acidose respiratória e uma hipoxemia arterial.
Objetivos Terapêuticos relacionados à ventilação mecânica invasiva na DPOC (J. Bras. Pneumol. 2007):
· Promover o repouso muscular respiratório;
· Minimizar a hiperinsuflação pulmonar;
· Melhorar a hematose, garantindo a ventilação alveolar e corrigindo a acidose respiratória se estiver presente;
· Possibilitar a resolução da causa básica da exacerbação aguda;
· Possibilitar a aspiração de secreções traqueobrônquicas;
· Possibilitar o sono;
· Otimizar o tratamento da DPOC.
Há situações clínicas onde é preferível o uso de intubação endotraqueal e ventilação mecânica invasiva ao uso de ventilação não invasiva nos caos de exacerbação na DPOC. Situações tais como: uma parada cardiorrespiratória intermitente; depressão do nível de consciência; agitação psicomotora; pneumonia associada; obstrução de vias aéreas superiores; excesso de secreção; reflexo de tosse comprometido; doenças instaladas concomitantemente como encefalopatia grave, hemorragia digestiva alta, instabilidade hemodinâmica e arritmias cardíacas. (J. Bras. Pneumol. 2007)
Sob a ótica de SCANLAN (2000), estes pacientes devem manter uma ventilação minuto acima do considerado normal apenas para que seja mantido um nível aceitável pelo organismo de concentração parcial de dióxido de carbono (PaCO₂). Considerando-se que o consumo de energia requerido para manter uma ventilação minuto alta seja proibitivo, os pacientes optarão por um menor trabalho e conseqüentemente por uma PaCO₂ elevada.
Referências:
JEZLER, Sérgio. Jornal Brasileiro de Pneumologia: III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica: Ventilação mecânica na doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) descompensada. 2007; 33(Supl.2): S 111- S 118.
ROBBINS, Stanley L. Patologia: bases patológicas das doenças. Ed. 7ª. RJ, Elsevier, 2005.
SCANLAN, Graig L. Fundamentos da Terapia Respiratória de EGAN. Ed. 7ª. Editora Manole, 2000.
Especializanda: Bárbara Tinôco Sales.
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