segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

DESMAME DA VENTILAÇÃO MECÂNICA

DESMAME DA VENTILAÇÃO MECÂNICA

Introdução

Desmame é o processo transitório entre o suporte da ventilação mecânica artificial e a espontânea, pode ser realizada de maneira súbita ou gradual. Na maioria das vezes, o suporte é retirado de maneira súbita, logo após a estabilização do motivo que levou à ventilação mecânica. Quando o desmame é gradual, promove-se a reabilitação dos músculos respiratórios através da redução progressiva do suporte ventilatório, porém 5% a 30% destes pacientes em ventilação mecânica evoluem para um desmame difícil, ou seja, quando o paciente permanece em ventilação mecânica por um período maior que 14 a 21 dias ou quando o mesmo necessita retornar ao suporte ventilatório em menos de 24 horas para descanso da musculatura respiratória. (CORDEIRO,2007)

CAUSAS PARA DEPENDÊNCIA DO SUPORTE VENTILATÓRIO

A disfunção respiratória, à disfunção cardiovascular, à disfunção neurológica, à alteração psicológica e à alteração nutricional. A disfunção respiratória ‘geralmente causada por alterações da função ventilatória, das trocas gasosas e das propriedades elásticas e resistivas do sistema respiratório. A cardiovascular pode ocorrer pela perda da função contrátil do miocárdio, pela alteração da perfusão ou pelo aumento da demanda de O2 pelos tecidos. A neurológica pode estar ligada ao (SNC), ou seja,pela disfunção do estimulo à ventilação (drive ventilatório) e pela passagem do estimulo nervoso pelas vias centrais( ex: coluna vertebral) ou pela alteração da condução nervosa pelos nervos periféricos, principalmente nas patologias que afetam a condução nervosa para os músculos ventilatórios. As alterações psicológicas, como o estresse e o medo, podem levar o paciente a se tornar dependente da ventilação mecânica. Como a função contrátil dos músculos ventilatórios depende de sua nutrição, um déficit nutricional pode gerar dependência da assistência ventilatória. (PRESTO,2009)

CONDIÇÕES PARA INTERRUPÇÃO DO SUPORTE VENTILATÓRIO

· Revisão da causa que levou ou mantém a necessidade de ventilação mecânica

· Drive ventilatório

· Estabilidade hemodinâmica

- FC<140bpm

- Ausência de isquemia miocárdia

- Ausência de hipotensão (drogas vasoativas: doses <5 mg/Kg/min)

· Temperatura

-Ausência de febre ( Temperatura <38° C)

· Hemoglobina (Hb)

-Hb>8-10 g/dl

· Equilíbrio acidobásico

-pH > 7,25

· Nível de consciência

-Equivalente ou próximo àquele antes da intubação

-Ausência de infusão de sedativos

-Glasgow 13

· Estabilidade metabólica

-Exames laboratoriais nos valores aceitáveis

· Trocas gasosas satisfatórias

-PaO2> 60mmhg comFiO2 < 0,4-0,5 e PEEP < 8 cmH20

-PaO2/ FiO2 >150-200

· Capacidade de proteger as vias aéreas

-Tosse eficaz

· CV > 20 ml/kg

· PImax < - 40 cmH2O

· PImax > 60 cmH2O

· Fluxo expiratório > 160 L/mim

· Ausência de obstrução das vias aéreas superiores

-Teste de escape do cuff > 110ml

· Pouca quantidade de secreção nas vias aéreas

-Necessidade de aspiração com frequência superior a 2 horas

Indicativos de falha no processo do desmame: Alterações no nível de consciência ( sonolência, torpor, coma), desconforto, sudorese, aumento do trabalho respiratório.

As principais técnicas usadas para o desmame gradual são: O tubo T, a ventilação mandatória intermitente (IMV/SIMV) e a ventilação com pressão de suporte (PSV).

Protocolo baseado em evidências

Atualmente, a descrição do processo de desmame envolve alguns passos para tentar aumentar as probabilidades de sucesso no desmame e interrupção definitiva do suporte ventilatório. Em primeiro lugar sugere-se a adaptação de um protocolo, que deve ser desenvolvido por toda equipe multiprofissional, para avaliar se o paciente pode ser submetido ao TVE (peça T ou PSV). Este protocolo geralmente leva em consideração o estado neurológico do paciente, a resolução ou estabilidade da causa que mantém a necessidade de ventilação, troca gasosa adequada, estabilidade hemodinâmica e drive ventilatório. Caso haja critérios favoráveis na avaliação, submete-se o paciente ao TVE por no mínimo 30 minutos em PSV ou peça T, observando-se o padrão ventilatório, a troca gasosa , hemodinâmica e o conforto do paciente. Caso o paciente passe no TVE, ele pode ser submetido, por exemplo, à avaliação da capacidade de proteção das VA. Em seguida aqueles que superaram estes critérios são extubados. No caso de falha no TVE, deve-se permitir o repouso dos músculos ventilatórios por no mínimo, 24 horas e executar um novo TVE logo que o paciente possua critérios favoráveis.

O objetivo deste estudo é demostrar de forma didática, como promover um desmame seguro, chegando até a interrupção definitiva do suporte ventilatório, levando em consideração os níveis de evidências científicas para as diversas etapas do processo de desmame. É importante ressaltar que, atualmente , ainda não existe um parâmetro que preveja o sucesso do desmame todos os casos.

REFERÊNCIAS

PRESTO, 2009. FISIOTERAPIA NA UTI.

Sarmento, 2007.FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA EM PEDIATRIA E NEONATOLOGIA

CORDEIRO,2007. FISIOTERAPIA INTENSIVA

Disponível em: http://www.sobratimanaus.com/produ%C3%A7%C3%B5es-cient%C3%ADficas.php

Esp: Lúcia Gorette Ferreira Silva

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