Paulo de Tarso Lopes
de Magalhães
Especializando em
Fisioterapia Intensiva
Há muitos anos, diversos pesquisadores vem
experimentando formas de modificação nos ciclos respiratórios, principalmente
na expiração, que sejam eficazes no combate à hipoxemia refratária à altas
concentrações de oxigênio inspirado, que ocorre em algumas formas de
Insuficiência Respiratória Aguda, como na Síndrome de Angustia Respiratória do
Adulto (SARA).
Numa linha do tempo, que inicia com Barach e
cols. (1938), e perpassa por Cournand (1948), culminado com Ashbaugh e Petty
(1967), os quais sistematizaram e difundiram o uso da Pressão Positiva
Expiratória Final (PEEP) para tratamento da Insuficiência Respiratória Aguda
Hipoxêmica, o emprego tornou-se parte integrante da terapêutica pela sua
capacidade de aumentar o transporte de oxigênio, a complacência pulmonar, bem
como diminuir o risco de toxicidade pelo oxigênio em altas concentrações.
Sabe-se, que o efeito primário da PEEP é o de
aumentar a Capacidade Residual Funcional (CRF). Este aumento atuaria também
promovendo a reexpansão de unidades alveolares até então pouco distendidas ou
colabadas, assim como a melhora da redistribuição da água extravascular
pulmonar, através da diminuição da superfície dos vasos alveolares localizados
principalmente nos ápices, onde naturalmente as pressões de insuflação superam
as vasculares. Esse fenômeno age prevenindo a formação de edema.
Outro efeito, é o aumento da pressão
intrapulmonar e, suas consequências na função cardiovascular principalmente
reduzindo o débito cardíaco. Isso decorre pela redução na pressão de enchimento
das câmaras cardíacas direitas e pela distorção da geometria do septo
interventricular. O aumento na pressão média das vias aéreas será parcialmente
transmitido como um aumento na pressão transmural do tórax, gerando resistência
vascular pulmonar maior, assim diminuindo a pressão de enchimento do ventrículo
direito e, com isto, o débito cardíaco.
Uma
segunda causa de menor débito cardíaco seria pelo aumento da resistência
vascular periférica levando a uma diminuição concomitante do retorno venoso ao
lado direito do coração. Outra possível explicação seria um aumento na pressão
transmural ventricular que levaria a uma queda na fração de ejeção do
ventrículo esquerdo.
Diante disso, um efeito renal também é
desencadeado pela redução do retorno venoso, cuja função hormonal do coração
fica diminuída, pois a mesma depende da distensibilidade atrial, logo ocorre um
decréscimo na síntese do Fator Natriurético Atrial (hormônio) que é responsável
pelo aumento do fluxo urinário e excreção de sódio. Assim, promovendo a redução
do débito urinário, e consequentemente edema.
Atualmente, sua indicação é basicamente para
uma reversão da hipoxemia refratária às altas concentrações de oxigênio em
pacientes com SARA. No entanto, há outras situações clínicas que se beneficiam
com o seu emprego que cursam com grande shunt
pulmonar, com colapso e instabilidade alveolares, com diminuição da
complacência e da PaO2. Também como, é importante ressaltar que
pacientes em ventilação mecânica invasiva, necessitam de níveis fisiológicos de
PEEP para manter sua CRF estável.
Em pacientes que cursam com hipotensão
arterial, choque hipovolêmico (hipovolemia), instabilidade hemodinâmica, PIC
aumentada e Insuficiência renal, o emprego da PEEP deve ser feita de maneira
cautelosa até que as causas desencadeantes diretas tenham sido equacionadas.
Portanto, para a utilização de forma racional
da Pressão Positiva Expiratória Final (PEEP) são necessários conhecimentos de
fisiologia cardiopulmonar, da fisiopatologia da condição clínica que envolve o
paciente, e a determinação do seu melhor nível nessa situação.
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
GAMBAROTO,
Gilberto. Fisioterapia Respiratória: em
unidade de terapia intensiva. Editora Atheneu, São Paulo, SP, 2006.
EGAN,
Donald F. Fundamentos da Terapia
Respiratória de Egan. 7ª edição, editora Manole, São Paulo, Barueri, 2000.
EMMERICH,
João Claudio. Suporte Ventilatório: Conceitos Atuais. 1ª ed., editora
Revinter, Rio de Janeiro, RJ, 2000.
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