Pós Graduanda Bárbara Tinôco
A hipertensão arterial
pulmonar (HAP) é um quadro clínico grave, que tem por caracterização o aumento
da pressão arterial pulmonar, a presença de vasoconstrição pulmonar, a trombose
in situ e o remodelamento vascular, levando à insuficiência ventricular direita
progressiva, e por fim, evolui ao óbito1, 4. Então, a HAP é definida
como a presença de pressão média da artéria pulmonar acima de 25 mmHg, estando
o indivíduo em estado de repouso, ou superior a 30 mmHg, na prática de
exercícios, adotando pressão de oclusão arterial
pulmonar inferior a 15 mmHg1,3.
A pressão arterial média é de cerca de 12 +/-2
mmHg a 14 +/-3mmHg1. A resistência arterial imposta é,
consideravelmente, baixa em decorrência da pequena concentração muscular na
região dos vasos pulmonares de resistência, onde o tempo de permanência do
sangue na circulação pulmonar durante uma sístole com grande expansibilidade
dos vasos pulmonares e pelo trajeto do recrutamento microvascular é
correspondente a esta resistência2.
A obtenção correspondente ao valor
pressórico arterial pulmonar dá-se pela seguinte equação: PAP= [RVP x DC] +
PAPenc. Onde PAP é a pressão arterial pulmonar; RVP consiste na resistência
arterial pulmonar; DC é correspondente ao débito cardíaco e PAPenc é a pressão
arterial pulmonar encunhada (wedge pressure). Com base nos dados supracitados,
consideramos que, valores acima de 20-22 mmHg da pressão arterial pulmonar
média são ditos como hipertensão arterial pulmonar. A HAP pode ser classificada
em leve, moderada e severa. A leve quando alcança valores entre 20-30 mmHg,
moderada por volta de 30-40 mmHg e severa quando adota valores superiores a 40
mmHg. Esse aumento gradativo dos valores
pressóricos se dá pelo aumento do fluxo sanguíneo, de uma dada resistência vascular
ou pode estar relacionado à complicação referente ao aumento da pressão
arterial pulmonar encunhada (PAPenc) que pode ser proveniente de dificuldades
no retorno venoso para as câmaras cardíacas à esquerda2.
A
hipertensão arterial pulmonar pode apresentar-se de forma aguda ou crônica. Tais
alterações pressóricas a nível arterial pulmonar podem vir a ser também
provenientes de patologias vasculares e parenquimatosas por hipercapnia ou
hipoxemia, por vasoconstricão, aumento da viscosidade sanguínea (policitemia),
aumento do fluxo sanguíneo pulmonar com hipervolemia e shunt esquerdo-direito, e
por aumento das pressões nas câmaras cardíacas à esquerda, como já havia sido
citado. Alterações relacionadas ao aumento de pressão por vasoconstrição em
consequência de hipóxia vascular pulmonar pode ser revertido sendo feita
administração de O2. A HAP
crônica apresenta-se com estágios de cronicidade e/ou períodos de agudização.
No período de agudização ocorrem vasoespasmos e, em seguida, remodelação
vascular dependendo da causa e do período de tempo ao qual o indivíduo ficou
submetido à hipertensão, isso confere ao vaso um espessamento da parede, com
significativa hipertrofia muscular desta região, proliferação da íntima e
aumento do tecido elástico o que pode culminar na completa obstrução da luz
vascular. Complicações desta magnitude são observadas em vasos que possuem diâmetro
inferior a 500µm em pequenos vasos, e em grandes vasos pode haver manifestação
de aterosclerose2.
A hipertensão pulmonar pode se
desenvolver ainda em consequência de situações como embolia pulmonar crônica,
doenças do tecido conectivo, e outras. Também pode ser classificada como hipertensão
arterial pulmonar de ordem idiopática (HAPI) por não apresentar nenhum fator
identificado como a causa da hipertensão1. Em estudos de caso, fora
identificado espessamento da média e injúria nas artérias elásticas em
pacientes que evoluíram ao óbito, sendo que a íntima sofre espessamento somente
nos casos mais graves, em quadros avançados. O remodelamento vascular pulmonar
é um mecanismo fisiopatológico de certa complexidade resultante de alterações
de ordem hemodinâmica, e por fatores tais como inflamação, hipóxia, que envolve
moléculas como o fator de crescimento por derivação plaquetária, fatores de
crescimento α e β, insulin-like factor I, endotelina-1, heparin-like,
angiotensina II, fator elastogênico com derivação da musculatura lisa, IL-1,
TNFα e fibrinogênio2.
O
diagnóstico de HAP, mediante acompanhamento, foi suspeitado pelo aumento da
intensidade do componente pulmonar da segunda bulha à ausculta e pelos sinais
de aumento do ventrículo direito (VD), avaliado pela radiografia de tórax e
pelo eletrocardiograma3. Podemos dizer que grande parte das
patologias cardiovasculares e parenquimatosas pulmonares promove hipertensão
arterial pulmonar aguda e crônica. Desta forma, constatou-se que a HAP está
intimamente relacionada com o aumento do fluxo sanguíneo pulmonar, o aumento
pressórico atrial esquerdo, a redução e obstrução orgânica no interior vascular
pulmonar e à vasoconstrição pulmonar2.
Em
patologias como SARA é frequente a elevação da pressão arterial pulmonar média,
estes valores pressóricos são monitorados através da introdução do cateter de Swan-Ganz,
localizado na artéria pulmonar. Dentre as formas de tratamento tem-se a
aplicação da oxigenoterapia como sendo uma das mais indicadas nos casos da
presença de vasoconstrição hipóxica juntamente a fisiopatologia da hipertensão
arterial pulmonar, onde a correção da hipóxia alveolar reduz a pressão
arterial. E o uso da oxigenoterapia, de maneira prolongada reduz,
consideravelmente, a mortalidade de indivíduos com DPOC hipoxêmicos2.
Logo, podemos colocar como ponto fundamental a
monitorização do paciente crítico que apresenta hipertensão arterial pulmonar
por toda sua repercussão hemodinâmica, sejam elas de ordem parenquimatosa ou
vascular, e a busca por um forma de tratamento mais adequada a condição atual
do indivíduo, sendo um quadro que requer minuciosos cuidados na tomada de
decisão1, 2.
Pós-graduanda em
Fisioterapia em Terapia Intensiva: Bárbara Tinôco Sales.
Referências:
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Otimo artigo me ajudou muito! Obrigada!
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