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segunda-feira, 6 de agosto de 2012
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
Objetivos e Indicações da Ventilação Mecânica
Pós-Graduando Robert
Cézar Melo Ayden
Objetivo da Ventilação Mecânica é manter ou
modificar a troca gasosa pulmonar. Esse suporte ventilatório tem como objetivo
intervir na ventilação alveolar (PACO2 e PH). Em certas circunstâncias, a
ventilação alveolar é aumentada para causar uma hiperventilação, ou seja, para
diminuir a pressão intracraniana, ou reduzir a ventilação alveolar de forma
controlada (hipercapnia permissiva), para normalizar a ventilação alveolar.
Na oxigenação Arterial é atingir e
manter valores aceitáveis de oxigenação. A oferta de oxigênio nos tecidos deva
ser considerada, corrigindo fatores como o conteúdo arterial de oxigênio e o
débito cardíaco. Visando aumentar o volume Pulmonar, para prevenir ou tratar
atelectasia, utilizar a PEEP em situações em que a redução na CRF ( Capacidade
Residual Funcional) pode ser prejudicial, como na SARA e em pós- operatório com
dor.
Os Objetivos Clínicos é reverter a
hipoxemia, aumentando a ventilação alveolar, aumentando o volume pulmonar,
diminuindo o consumo de oxigênio e aumentando a oferta de oxigênio, reverter a
acidose respiratória aguda, reduzir o desconforto respiratório, reverter fadiga
dos músculos respiratórios, permitir sedação, anestesia ou uso de bloqueadores neuromusculares,
reduzir o consumo de oxigênio sistêmico e miocárdio, reduzir pressão
intracraniana, estabilizar parede torácica.
O II Consenso Brasileiro de VM resume
as recomendações e indicações do suporte ventilatório do seguinte modo; A
importância da conceituação mais ampla de insuficiência respiratória
considerando a oxigenação tecidual para que o paciente seja abordado
amplamente. Na indicação, considerar a evolução das manifestações clínicas da
monitoração dos parâmetros fisiológicos. A VM deve ser precoce e essencialmente
baseada nas manifestações clínicas do paciente. Os parâmetros considerados de
maior aplicabilidade e os indicadores da falência ventilatória são Pao2, Pao2,
P (Aa)o2 e Pao2/Fio2.
Na indicação da Ventilação Mecânica são
estabelecidas decorrentes as alterações da função pulmonar: na IRpA da mecânica
ventilatória e da troca gasosa, Profilática: conseguente ás condições clínicas
que podem potencialmente levar á insuficiência respiratória, ex:
pós-operatório, Disfunção em outros órgãos e sistemas: Exemplo: choque,
hipertensão intracraniana.
A partir do que foi visto até agora, podemos
concluir que foi perfeitamente estabelecido que a VM deva ser utilizada quando
se cumpram uma série de objetivos clínicos e fisiológicos, como são a correção
da hipoxemia, a manutenção da ventilação alveolar adequada, a melhora do
transporte de oxigênio enquanto melhora das enfermidades. A VM é indicada
quando se cumprem uma série de critérios que fazem referência á frequência
respiratória á capacidade vital, á força negativa inspiratória máxima, á
pressão parcial de anidrido carbônico. Sem dúvida, esses critérios são
meramente indicativos, de tal forma que o reconhecimento do paciente pelo
clínico será o guia essencial para submeter o enfermo á ventilação mecânica.
Referências:
1. II Consenso Brasileiro de
Ventilação Mecânica. J Pneumol 26, 2000
2. Net, Álvar e Benito, Salvador-
Ventilação Mecânica- 3 edição- Editora Revinter- Rio de Janeiro- 2002
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Hipertensão Arterial Pulmonar
Pós Graduanda Bárbara Tinôco
A hipertensão arterial
pulmonar (HAP) é um quadro clínico grave, que tem por caracterização o aumento
da pressão arterial pulmonar, a presença de vasoconstrição pulmonar, a trombose
in situ e o remodelamento vascular, levando à insuficiência ventricular direita
progressiva, e por fim, evolui ao óbito1, 4. Então, a HAP é definida
como a presença de pressão média da artéria pulmonar acima de 25 mmHg, estando
o indivíduo em estado de repouso, ou superior a 30 mmHg, na prática de
exercícios, adotando pressão de oclusão arterial
pulmonar inferior a 15 mmHg1,3.
A pressão arterial média é de cerca de 12 +/-2
mmHg a 14 +/-3mmHg1. A resistência arterial imposta é,
consideravelmente, baixa em decorrência da pequena concentração muscular na
região dos vasos pulmonares de resistência, onde o tempo de permanência do
sangue na circulação pulmonar durante uma sístole com grande expansibilidade
dos vasos pulmonares e pelo trajeto do recrutamento microvascular é
correspondente a esta resistência2.
A obtenção correspondente ao valor
pressórico arterial pulmonar dá-se pela seguinte equação: PAP= [RVP x DC] +
PAPenc. Onde PAP é a pressão arterial pulmonar; RVP consiste na resistência
arterial pulmonar; DC é correspondente ao débito cardíaco e PAPenc é a pressão
arterial pulmonar encunhada (wedge pressure). Com base nos dados supracitados,
consideramos que, valores acima de 20-22 mmHg da pressão arterial pulmonar
média são ditos como hipertensão arterial pulmonar. A HAP pode ser classificada
em leve, moderada e severa. A leve quando alcança valores entre 20-30 mmHg,
moderada por volta de 30-40 mmHg e severa quando adota valores superiores a 40
mmHg. Esse aumento gradativo dos valores
pressóricos se dá pelo aumento do fluxo sanguíneo, de uma dada resistência vascular
ou pode estar relacionado à complicação referente ao aumento da pressão
arterial pulmonar encunhada (PAPenc) que pode ser proveniente de dificuldades
no retorno venoso para as câmaras cardíacas à esquerda2.
A
hipertensão arterial pulmonar pode apresentar-se de forma aguda ou crônica. Tais
alterações pressóricas a nível arterial pulmonar podem vir a ser também
provenientes de patologias vasculares e parenquimatosas por hipercapnia ou
hipoxemia, por vasoconstricão, aumento da viscosidade sanguínea (policitemia),
aumento do fluxo sanguíneo pulmonar com hipervolemia e shunt esquerdo-direito, e
por aumento das pressões nas câmaras cardíacas à esquerda, como já havia sido
citado. Alterações relacionadas ao aumento de pressão por vasoconstrição em
consequência de hipóxia vascular pulmonar pode ser revertido sendo feita
administração de O2. A HAP
crônica apresenta-se com estágios de cronicidade e/ou períodos de agudização.
No período de agudização ocorrem vasoespasmos e, em seguida, remodelação
vascular dependendo da causa e do período de tempo ao qual o indivíduo ficou
submetido à hipertensão, isso confere ao vaso um espessamento da parede, com
significativa hipertrofia muscular desta região, proliferação da íntima e
aumento do tecido elástico o que pode culminar na completa obstrução da luz
vascular. Complicações desta magnitude são observadas em vasos que possuem diâmetro
inferior a 500µm em pequenos vasos, e em grandes vasos pode haver manifestação
de aterosclerose2.
A hipertensão pulmonar pode se
desenvolver ainda em consequência de situações como embolia pulmonar crônica,
doenças do tecido conectivo, e outras. Também pode ser classificada como hipertensão
arterial pulmonar de ordem idiopática (HAPI) por não apresentar nenhum fator
identificado como a causa da hipertensão1. Em estudos de caso, fora
identificado espessamento da média e injúria nas artérias elásticas em
pacientes que evoluíram ao óbito, sendo que a íntima sofre espessamento somente
nos casos mais graves, em quadros avançados. O remodelamento vascular pulmonar
é um mecanismo fisiopatológico de certa complexidade resultante de alterações
de ordem hemodinâmica, e por fatores tais como inflamação, hipóxia, que envolve
moléculas como o fator de crescimento por derivação plaquetária, fatores de
crescimento α e β, insulin-like factor I, endotelina-1, heparin-like,
angiotensina II, fator elastogênico com derivação da musculatura lisa, IL-1,
TNFα e fibrinogênio2.
O
diagnóstico de HAP, mediante acompanhamento, foi suspeitado pelo aumento da
intensidade do componente pulmonar da segunda bulha à ausculta e pelos sinais
de aumento do ventrículo direito (VD), avaliado pela radiografia de tórax e
pelo eletrocardiograma3. Podemos dizer que grande parte das
patologias cardiovasculares e parenquimatosas pulmonares promove hipertensão
arterial pulmonar aguda e crônica. Desta forma, constatou-se que a HAP está
intimamente relacionada com o aumento do fluxo sanguíneo pulmonar, o aumento
pressórico atrial esquerdo, a redução e obstrução orgânica no interior vascular
pulmonar e à vasoconstrição pulmonar2.
Em
patologias como SARA é frequente a elevação da pressão arterial pulmonar média,
estes valores pressóricos são monitorados através da introdução do cateter de Swan-Ganz,
localizado na artéria pulmonar. Dentre as formas de tratamento tem-se a
aplicação da oxigenoterapia como sendo uma das mais indicadas nos casos da
presença de vasoconstrição hipóxica juntamente a fisiopatologia da hipertensão
arterial pulmonar, onde a correção da hipóxia alveolar reduz a pressão
arterial. E o uso da oxigenoterapia, de maneira prolongada reduz,
consideravelmente, a mortalidade de indivíduos com DPOC hipoxêmicos2.
Logo, podemos colocar como ponto fundamental a
monitorização do paciente crítico que apresenta hipertensão arterial pulmonar
por toda sua repercussão hemodinâmica, sejam elas de ordem parenquimatosa ou
vascular, e a busca por um forma de tratamento mais adequada a condição atual
do indivíduo, sendo um quadro que requer minuciosos cuidados na tomada de
decisão1, 2.
Pós-graduanda em
Fisioterapia em Terapia Intensiva: Bárbara Tinôco Sales.
Referências:
DAVID, Cid
Marcos N. Ventilação mecânica: da fisiologia à prática clínica. Ed. Revinter, 1°
edição; p. 47-60; Rio de Janeiro - RJ, 2001.
LAPA,
Mônica Silveira. Rev Assoc Med Bras: Características clínicas dos pacientes com
hipertensão pulmonar em dois centros de referência em São Paulo. 52(3): 139-43;
2006.
OLIVEIRA,
Edmundo Clarindo; AMARAL, Carlos Faria Santos. Sociedade Brasileira de
Pediatria - Jornal de Pediatria: Sildenafil no tratamento da hipertensão
arterial pulmonar idiopática em crianças e adolescentes. Rio J. - Vol. 81, Nº5:
390-4; 2005.
MACHADO, Roberto Ferreira Pinto. J
Bras Pneumol: Hipertensão arterial
pulmonar associada à anemia falciforme. 33 (5) :583-591, 2007.
PRESSÃO POSITIVA EXPIRATÓRIA FINAL (PEEP)
Paulo de Tarso Lopes
de Magalhães
Especializando em
Fisioterapia Intensiva
Há muitos anos, diversos pesquisadores vem
experimentando formas de modificação nos ciclos respiratórios, principalmente
na expiração, que sejam eficazes no combate à hipoxemia refratária à altas
concentrações de oxigênio inspirado, que ocorre em algumas formas de
Insuficiência Respiratória Aguda, como na Síndrome de Angustia Respiratória do
Adulto (SARA).
Numa linha do tempo, que inicia com Barach e
cols. (1938), e perpassa por Cournand (1948), culminado com Ashbaugh e Petty
(1967), os quais sistematizaram e difundiram o uso da Pressão Positiva
Expiratória Final (PEEP) para tratamento da Insuficiência Respiratória Aguda
Hipoxêmica, o emprego tornou-se parte integrante da terapêutica pela sua
capacidade de aumentar o transporte de oxigênio, a complacência pulmonar, bem
como diminuir o risco de toxicidade pelo oxigênio em altas concentrações.
Sabe-se, que o efeito primário da PEEP é o de
aumentar a Capacidade Residual Funcional (CRF). Este aumento atuaria também
promovendo a reexpansão de unidades alveolares até então pouco distendidas ou
colabadas, assim como a melhora da redistribuição da água extravascular
pulmonar, através da diminuição da superfície dos vasos alveolares localizados
principalmente nos ápices, onde naturalmente as pressões de insuflação superam
as vasculares. Esse fenômeno age prevenindo a formação de edema.
Outro efeito, é o aumento da pressão
intrapulmonar e, suas consequências na função cardiovascular principalmente
reduzindo o débito cardíaco. Isso decorre pela redução na pressão de enchimento
das câmaras cardíacas direitas e pela distorção da geometria do septo
interventricular. O aumento na pressão média das vias aéreas será parcialmente
transmitido como um aumento na pressão transmural do tórax, gerando resistência
vascular pulmonar maior, assim diminuindo a pressão de enchimento do ventrículo
direito e, com isto, o débito cardíaco.
Uma
segunda causa de menor débito cardíaco seria pelo aumento da resistência
vascular periférica levando a uma diminuição concomitante do retorno venoso ao
lado direito do coração. Outra possível explicação seria um aumento na pressão
transmural ventricular que levaria a uma queda na fração de ejeção do
ventrículo esquerdo.
Diante disso, um efeito renal também é
desencadeado pela redução do retorno venoso, cuja função hormonal do coração
fica diminuída, pois a mesma depende da distensibilidade atrial, logo ocorre um
decréscimo na síntese do Fator Natriurético Atrial (hormônio) que é responsável
pelo aumento do fluxo urinário e excreção de sódio. Assim, promovendo a redução
do débito urinário, e consequentemente edema.
Atualmente, sua indicação é basicamente para
uma reversão da hipoxemia refratária às altas concentrações de oxigênio em
pacientes com SARA. No entanto, há outras situações clínicas que se beneficiam
com o seu emprego que cursam com grande shunt
pulmonar, com colapso e instabilidade alveolares, com diminuição da
complacência e da PaO2. Também como, é importante ressaltar que
pacientes em ventilação mecânica invasiva, necessitam de níveis fisiológicos de
PEEP para manter sua CRF estável.
Em pacientes que cursam com hipotensão
arterial, choque hipovolêmico (hipovolemia), instabilidade hemodinâmica, PIC
aumentada e Insuficiência renal, o emprego da PEEP deve ser feita de maneira
cautelosa até que as causas desencadeantes diretas tenham sido equacionadas.
Portanto, para a utilização de forma racional
da Pressão Positiva Expiratória Final (PEEP) são necessários conhecimentos de
fisiologia cardiopulmonar, da fisiopatologia da condição clínica que envolve o
paciente, e a determinação do seu melhor nível nessa situação.
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
GAMBAROTO,
Gilberto. Fisioterapia Respiratória: em
unidade de terapia intensiva. Editora Atheneu, São Paulo, SP, 2006.
EGAN,
Donald F. Fundamentos da Terapia
Respiratória de Egan. 7ª edição, editora Manole, São Paulo, Barueri, 2000.
EMMERICH,
João Claudio. Suporte Ventilatório: Conceitos Atuais. 1ª ed., editora
Revinter, Rio de Janeiro, RJ, 2000.
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