Juliana Maués
A
Doença Pulmonar Obstrutiva crônica (DPOC) é definida como um conjunto de
condições que se caracteriza pela presença de obstrução ou limitação crônica ao
fluxo aéreo de progressão lenta, persistente e irreversível. A DPOC é a quarta
principal causa de morte nos Estados Unidos da América excedida apenas por
infarto, neoplasia e doenças cerebrovasculares. No Brasil estima-se que 5,5
milhões de pessoas sejam acometidas por DPOC, vem ocupando entre 4 e 7 posição
entre as principais causas de morte
O
desenvolvimento ou agravamento da hiperinsuflação pulmonar dinâmica, com
aprisionamento aéreo, consiste na principal alteração fisiopatológica na
exacerbação da DPOC. Os principais mecanismos envolvidos são: aumento da Obstrução
do fluxo aéreo (causada por inflamação, hipersecreção brônquica e
broncoespasmo) acompanhado de redução da retração elástica pulmonar. Todos
esses fatores resultam no prolongamento do tempo expiratório, ao mesmo tempo
que se eleva a freqüência respiratória como resposta ao aumento da demanda
ventilatória, encurtando-se o tempo para expiração. A hiperinsuflação também
compromete a perfomance muscular respiratória, modificando a conformação
geométrica das fibras musculares, reduzindo a curvatura diafragmática, além
disso, nos pacientes com a doença mais avançada, pode haver diminuição direta
da força muscular por uso crônico de corticosteróides e desnutrição. Nas
exacerbações muito graves, pode haver diminuição da resposta do comando neural
(drive) no centro respiratório à
hipoxia e a hipercapnia, estas decorrentes do desequilíbrio ventilação/perfusão
e de hipoventilação alveolar, agravando a acidose respiratória e a hipoxemia
arterial. (III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica,2007)
Programas
estruturados e multidisciplinares de reabilitação pulmonar têm apresentado
considerável impacto na qualidade de vida de pacientes com DPOC. Entre os
objetivos de tais programas, destaca-se o aumento da tolerância ao exercício
dinâmico, o qual associa-se, entre outros, com diminuição da dispnéia nas
atividades cotidianas, redução do nível de dependência do paciente em relação
aos cuidados médicos e atitude positiva frente a patologia (Neder e
Colaboradores, 1997)
O
treinamento muscular respiratório resulta na melhoria da função, e dessa
maneira, diminuía o esforço da respiração, como consequência reduzindo a
dispnéia. De forma similar ao treinamento muscular respiratório pode ser dividido
em força e resistência (Neto e Amaral, 2003).
Alguns
estudos tem investigado o papel da Ventilação não Invasiva durante o
treinamento físico. Em especial o Bilevel pode favorecer o treinamento físico
de pacientes com DPOC por atuar diminuindo a sobrecarga de trabalho da
musculatura respiratória pelo suporte inspiratório e reduzir a PEEP por meio da
aplicação constante do suporte expiratório. O VNI pode proporcionar efeitos de
redução do trabalho respiratório, melhora das trocas gasosas e do padrão
ventilatório, redução da dispnéia, aumento da oxigenação arterial, remoção do
gás carbônico e melhora da tolerância ao exercícios físico nos pacientes com
doenças obstrutivas crônicas e doenças restritivas (Borghi-Silva e
Colaboradores, 2005).
A
ventilação mecânica invasiva na DPOC está indicada nas exacerbações com
hipoventilação alveolar, acidose e naquelas com hipoxemia grave não corrigida
pela oferta de oxigênio suplementar. Os objetivos terapêuticos relacionados à
VM na DPOC incluem: Promover o repouso muscular respiratório; minimizar a
hiperinsuflação pulmonar, melhorar troca gasosa e, em especial garantir a
ventilação alveolar, corrigindo a acidose respiratória (se presente);
possibilitar a resolução da causa básica da exacerbação aguda; Possibilitar a
aspiração de secreções traqueobrônquicas e Otimizar o tratamento da DPOC (III Consenso
Brasileiro de Ventilação Mecânica, 2007).
Referências:
III Consenso Brasileiro
de Ventilação Mecânica. 2007. Jornal Brasileiro Pneumologia. 2007;33 (Supl2); S
51-S.
Neder, Jose Alberto.
Nery, Luiz Eduardo. Filha, Sonia. Ferreira, Ivone. Jardim, Jose. Reabilitação
pulmonar: Fatores relacionados ao ganho aeróbio de pacientes com DPOC. Jornal
Brasileiro de Pneumologia 23(3) – mai-junho de 1997.
Neto, Joao. Amaral,
Ridailda. Reabilitação Pulmonar e qualidade de vida em pacientes com DPOC.
Especialização em Fisiologia do Exercício – UNAMA, Belém v.4. n.1, p 3-5, out,
2003.
Borghi-Silva,A.
Sampaio,L.M.M.Toledo,A Pincelli,M.P e Costa,D. Efeitos agudos da aplicação do
BiPAP sobre a tolerância ao exercício físico em pacientes com doença pulmonar
obstrutiva crônica (DPOC). Rev. Brasileira de Fisioterapia. Vol 9, N. 3(2005),
273-280.
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