Pós-graduanda Dra. Adriana Lima Ribeiro
Por muito tempo o repouso absoluto foi considerado o melhor tratamento para o paciente crítico, pois o mesmo era visto como um ser não capaz de tolerar qualquer nível de atividade física precoce, porém esse tratamento contribuía para que as complicações como: descondicionamento físico, fraqueza muscular, dispnéia, depressão, ansiedade e redução da percepção da qualidade de vida, afetassem mais rápido o paciente, fazendo com que o mesmo aumentasse seu tempo de desmame, internação, o risco de infecções e consequentemente morbimortalidade (SILVA, MAYNARD e CRUZ, 2010).
Na tentativa de diminuir esses efeitos deletérios, alguns estudos surgiram e preconizaram a mobilização precoce como tratamento eficaz para o paciente crítico. A mobilização consiste em uma atividade física suficiente para provocar efeitos fisiológicos agudos como: otimizar o transporte de oxigênio através do aumento da relação ventilação-perfusão (V/Q), aumento dos volumes pulmonares, redução do trabalho respiratório, minimização do trabalho cardíaco e aumento do clearance mucociliar. Além de também otimizar o transporte de oxigênio, a mobilização reduz os efeitos do imobilismo e do repouso (BORGES et al, 2009).
A mobilização precoce inclui atividades terapêuticas progressivas, tais como exercícios motores na cama, sedestação a beira do leito, ortostatismo, transferência para a cadeira e deambulação (BORGES et al, 2009). A cinesioterapia precoce na UTI tem sido apontada como segura e viável, podendo ser efetuada de maneira passiva ou ativa de acordo com a interação do paciente, estabilidade hemodinâmica, nível de suporte ventilatório, fração inspirada de oxigênio (FiO2) e resposta do paciente ao tratamento (SILVA, MAYNARD e CRUZ, 2010).
Os exercícios passivos, ativo-assistidos e resistidos visam manter a movimentação da articulação, o comprimento do tecido muscular, da força e da função muscular e diminuir o risco de tromboembolismo (BORGES et al, 2009). Para pacientes lesados medular, a utilização de cintas abdominais melhora a capacidade vital e otimiza os exercícios respiratórios. A ventilação mecânica não invasiva (VNI) pode ser utilizada durante os exercícios para maior tolerância aos mesmos. Para pacientes recém-desmamados da ventilação mecânica (VM), os exercícios com membros superiores aumentam os efeitos da fisioterapia respiratória para endurance e tolerância a dispnéia.
Critérios de segurança para iniciar a mobilização precoce em pacientes críticos (QUEIROZ, 2012 apud ASSOBRAFIR. PROFISIO, 2010):
Ausência de recentes mudanças no ECG de repouso
PaCO2 de 50-55 mmHg
Ventilação minuto pelo peso corporal> 150 ml/kg
FR até 30 irm
Contraindicações (QUEIROZ, 2012):
Choque cardiogênico com PAM < 60mmHg
Ausência de pulso periférico e déficit de perfusão;
Após 2 horas de iniciada a hemodiálise ou já ter sido realizada a filtragem de 3.000ml
Quadro de TCE grave sem monitorização da PIC.
Recomendações
Mobilização ativa ou passiva e treinamento muscular devem ser instituídos precocemente no paciente de UTI.
Posicionamento, órteses, mobilização passiva e alongamentos devem ser utilizados para preservar a ADM articular e alongamento muscular em pacientes incapacitados de se movimentarem ativamente.
Técnicas de posicionamento e transferências de pacientes devem ser realizadas pela equipe multiprofissional para se evitar acidentes com sondas e cateteres.
O fisioterapeuta deve ser responsável pela prescrição e implementação de exercícios em conjunto com os demais fisioterapeutas da equipe e com a equipe médica responsável.
O fisioterapeuta deve ter o compromisso de realizar a mobilização de forma precoce para proporcionar ao paciente uma melhor qualidade de vida e assim evitando na medida do possível os efeitos deletérios da síndrome do imobilismo.
Referências Bibliográficas
1-Borges, Vanessa Marcos et al. Fisioterapia Motora em Pacientes Adultos em Terapia Intesiva. Rev Bras Ter Intensiva. 2009; 21(4):446-452.
2-QUEIROZ, Rodrigo. Mobilização Precoce. disponível em < http://mobilidadefuncional.blogspot.com.br/2011/11/mobilizacao-precoce.html> acesso em 20 de maio de 2012.
3-SILVA, Ana Paula Pereira da; MAYNARD, Kenia; CRUZ, Mônica Rodrigues da. Efeitos da Fisioterapia Motora em Pacientes Críticos: Revisão de Literatura. Rev Bras Ter Intensiva. 2010; 22(1):85-91.
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