Pós-Graduanda Dra. Bárbara Tinôco
O índice de desmame ventilatório foi desenvolvido para servir de auxílio e orientação aos profissionais no decorrer do processo de retirada do suporte ventilatório mecânico invasivo nas unidades de terapia intensiva (UTI). O desmame da ventilação mecânica é definido como um processo transitório entre a ventilação mecânica ofertada e a ventilação espontânea. 1,2
Cerca de 5% a 30% dos pacientes não possuem dificuldade nesta evolução para o desmame dentro de um intervalo de tempo de internação inferior a 72 horas. O sucesso da interrupção do suporte ventilatório está relacionado com o êxito no Teste de Respiração Espontânea (TRE), onde os pacientes que obtiveram boa resposta devem ser avaliados no que diz respeito à retirada da ventilação mecânica artificial. O seu insucesso se dá pela intolerância ao TRE. 1,2
No desmame são utilizados métodos como a Ventilação Mandatória Intermitente Sincronizada (SIMV), a Ventilação com Suporte Pressórico (PSV) juntamente com as tentativas de ventilação espontânea em Tubo-T, utilizadas de maneira intercalada com ventilação assisto-controlada, são formas utilizadas em suporte ventilatório durante o desmame, porém ambas não demonstram superioridade absoluta, tomando como parâmetro uma modalidade em relação à outra.2
Observando alterações a nível fisiológico, de forma integrada, segundo o estudo, foi possível observar mudanças significativas por meio do uso do índice de desmame ventilatório Ferrari-Tadini (IDV) embasados em parâmetros de ordem fisiológica através da Escala de Coma de Glasgow (ECG), Volume Corrente (VC), fração inspirada de oxigênio (FiO2), SpO2, PaO2, frequência respiratória (FR), Pressão Inspiratória Máxima (PImáx), PSV, PaCO2, e o fator idade.2
Todos os parâmetros avaliados, foram citados no parágrafo anterior, sendo que para cada um deles atribui-se a pontuação que varia de 1 a 3 pontos, conforme avaliação no IDV, o que resulta em uma somatória e recebe uma classificação. Avaliando a possibilidade do desmame e tendo sido feita a soma dos valores obtidos podemos classificar em I, II, III e IV. Considerando que os resultados obtidos indiquem favorecimento a classe I isto se traduz em indicação para o desmame com pontuação entre 27-30 pontos; caso os resultados apontem para a classe II é favorável ao desmame e tem pontuação entre 23-26 pontos; na classe III tem-se pontuação que equivale de 20-22 pontos, tornando o resultado desfavorável ao desmame; e na classe IV a pontuação é inferior a 19 pontos o que nos remete a uma contra-indicação ao desmame.1,3
Assim, o desmame é dito como efetivo quando supera 48 horas após a extubação, onde são considerados fatores como apresentação de troca gasosa inadequada, presença de endurance da musculatura ventilatória ineficaz, ou quando o paciente entra em um quadro de fadiga muscular é excluída a probabilidade de extubação, naquele devido momento, retrocedendo o desmame e caracterizando seu insucesso por precisar de oferta de oxigênio mantida por ventilação mecânica invasiva dentro dessas 48 horas. Dessa forma, podemos visualizar a importância da aplicação do IDV juntamente a monitorização do paciente crítico nas UTIs, visando à melhora do atendimento, bem como, reúne parâmetros que o direcionam as condutas de melhor aplicabilidade para quadros específicos apresentados neste ambiente, reunindo informações mais precisas, o que aumenta o grau de segurança no processo de desmame e possível extubação do paciente. 1,3
REFERÊNCIAS:
1. FERRARI, Douglas; TADINI, Rodrigo. Índice de Desmame Ventilatório: IDV Ferrari-Tadini. Hospital Santa Cruz-SP, 2004. www.sobrati.com.br/trabalho3-jan-2004.htm
2. GOLDWASSER, Rosane. J. Bras. Pneumol. - III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica: Desmame e interrupção da ventilação mecânica. Vol.33 (Supl 2): S 128 – S 136; 2007. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132007000800008
3. ROLIM, Jaqueline Fernandes Cruz. Fisioter. Mov: Variáveis hemodinâmicas, hemogasométricas e respiratórias em pacientes cardiopatas submetidos ao teste de respiração espontânea. Vol. 24, n. 4, p. 673-682, out. /dez. 2011; 2011. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-51502011000400011&script=sci_arttext